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Jocum Cerrado reduz produção de lixo orgânico Categorias:
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Há um desafio comum no dia a dia de pessoas no Brasil e no mundo: o destino do lixo que é gerado, seja ele reciclável, lixo comum (não reciclável) ou lixo orgânico. Em alguns locais, soluções para isso já mudaram a realidade, em outros, isso se torna um problema que afeta várias áreas da vida. A Jocum (Jovens Com Uma Missão) tem como uma de suas principais características a vida em comunidade, e, inclusive, reunindo diferentes gerações e culturas numa mesma rotina. Em Uberlândia – MG, a Jocum Cerrado está vivendo o benefício da iniciativa.

Com a necessidade de separar o lixo reciclável: metal, plástico, vidro, papel, do lixo comum e do lixo orgânico, com o caminhão coletor passando apenas uma vez por semana para levar somente o lixo comum, o missionário Thiago de Oliveira Silva, conhecido como Thiburim passou a preocupar-se com a situação, e em 2017 chegou a escrever um projeto. Depois disso, ao voltar de uma temporada na Europa, inspirado pelo comportamento da população com o lixo naquele continente, decidiu colocar as ideias em prática.

“Quando eu morava em um condomínio, as reuniões nunca tratavam desse assunto. Eu levantava a questão e não recebia nenhuma atenção. Quando cheguei na Jocum foi diferente. Meus colegas aderiram, e todos que chegam aqui na base compram a ideia”, relata Thiburim sobre o início do trabalho com a coleta seletiva de lixo. Com o apoio da comunidade, há dois anos as coisas começaram a mudar. Thiburim relata que o número de sacos pretos utilizados era muito alto, a lixeira não comportava tudo que era colocado, e a maior parte do que era descartado poderia ser reutilizado. Diante de um problema, ele viu que poderia dar uma resposta. “Cuidar disso e não saturar os aterros é uma maneira de testemunhar como cidadão do céu, que dá pra contribuir de maneira positiva, zelando pelo meio ambiente”, justifica.

Se o cálculo de que cada pessoa produz um quilo de lixo por dia for aplicado em uma comunidade onde vivem 50 pessoas, a produção de lixo dessa comunidade torna-se equivalente a produção de lixo comercial. Alerta Thiburim, que antes da consciência com relação ao desperdício de alimento, era descartado em média cerca de 20 quilos por dia de lixo orgânico (resto de comida e de preparo das refeições). Contabilizando isso, por ano, sete toneladas apenas de lixo orgânico eram mandadas para o aterro sanitário, juntando-se a outros materiais e liberando gás metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Com bastante esforço, esse número foi reduzido consideravelmente e aquele enorme desperdício é parte do passado na Jocum Cerrado. O total de lixo orgânico produzido na comunidade era de 700 quilos por mês e hoje menos de 200 quilos por mês.

“Ainda precisamos melhorar, algumas pessoas demoram a desenvolver o hábito. O entulho de construção, reforma, lixo eletrônico, são mandados todos para o destino correto, nos ecopontos da cidade. Nosso lixo comum fica reduzido a 10% do total, e é só isso que está sendo coletado pelo caminhão, agora”, explica. Com esse trabalho, Thiburim conta que o comportamento das pessoas mudou bastante: 96% de todo vidro descartado, por exemplo, vai para o destino correto, que não é o lixo comum, e por isso não causa mais danos ao manusearem os sacos, nem quem descarta e nem os trabalhadores que coletam o material.

Na Jocum, o trabalho prático, conhecido como manutenção ou ainda, a famosa “manu”, é o momento em que acontece o recolhimento da separação do lixo. Existe um rodízio de pessoas envolvidas nesse processo. O lixo comum vai para a lixeira na entrada da base missionária, onde o caminhão tem acesso. No processo de aprendizado e mudança, segundo o idealizador do projeto, as vezes aparece um tipo de lixo no lugar errado, mas rapidamente e gentilmente há uma voz que ensina e mostra como fazer. “Se apenas poucas pessoas fizessem, não funcionaria, estamos em uma parte do Cerrado, num lugar de biodiversidade riquíssima e valorizamos o lugar que estamos”, diz.

A diminuição do lixo orgânico se deu também a partir do processo de compostagem, onde a matéria úmida é reaproveitada. Agora, o lixo vira adubo para uma horta onde tem alface, repolho, couve, acelga, mostarda, rúcula e outras variedades. “Mas tudo por enquanto é uma experiência e aprendizado”, alerta Thiburin e conta que o consumo será feito pela comunidade jocumeira nas refeições feitas na base. A expectativa é que, ao dar certo e crescer, a horta sirva para cortar os gastos com estes produtos no mercado, abasteça as casas e sirva também como alimento para famílias em situação risco, atendidas pelos missionários. A horta conta com o trabalho de toda a comunidade.