A Suprema Tarefa Categorias:
Vamos considerar outra palavra do nosso lema, o vocábulo “supremo”. “A tarefa suprema da Igreja é a evangelização do mundo”.
Se a evangelização do mundo é a nossa tarefa mais importante, então, quando é realizada uma Convenção Missionária, deveríamos por tudo o mais de lado para nos fazermos presentes em todas as reuniões. Pois de outra maneira estaríamos dando o primeiro lugar a alguma outra coisa, e não creríamos que a obra missionária tem prioridade em relação às outras atividades. Mostraríamos assim, pelas nossas ações, que damos o segundo lugar às missões. Além disso, se a evangelização do mundo ocupa o primeiro lugar, nessa casa deveríamos nos concentrar em contribuir para as missões, permitindo que outras pessoas, não dotadas dessa visão, contribuam para outros interesses. Sempre haverá muitas oportunidades para a obra nacional, porque sempre existirão aqueles que dão maior importância à obra interna. Muitos dos objetivos dignos em nossa própria nação serão devidamente atendidos, e isso porque somente uma maioria ficará interessada na tarefa suprema da igreja.
Se dermos à obra missionária o primeiro lugar, então contribuiremos mais para as missões do que para qualquer outra coisa. Se não for assim, é porque alguma outra coisa assumiu o primeiro lugar. Em nossa terra existem negociantes, e cada um deles dirige sua própria empresa. Ora, em todo empreendimento há algum departamento que consideramos mais importante do que todos os outros. Onde, pois, o empresário investirá a maior parte do dinheiro empregado? É claro, no departamento mais importante, porque ele quer ver o desenvolvimento do negócio. Assim também acontece com o Departamento de Missões.
Se a evangelização do mundo é a tarefa mais importante da igreja, então devemos investir a maior parte dos nossos recursos nesse departamento mais importante. Doutra maneira não estaremos dando o primeiro lugar às missões, nem estaremos crendo que a evangelização do mundo é a tarefa suprema da igreja. Tenho conhecido pouquíssimos ministros do evangelho que realmente acreditam que a evangelização do mundo é a sua tarefa mais importante.
Isso me leva a dizer que cada igreja evangélica deveria gastar mais no trabalho das missões do que gasta consigo mesma. Isso é lógico. Se cremos que a evangelização do mundo tem prioridade, então devemos investir a maior paste dos nossos recursos nas regiões distantes, mais do que investimos na nossa própria pátria.
Mas alguém poderia perguntar: “Mas e a sua igreja? O que dizer sobre a Igreja dos Povos, em Toronto, da qual o irmão é pastor? A sua igreja envia mais aos campos estrangeiros do que gasta consigo mesma?” Alegro-me em poder afirmar que jamais houve um ano, desde que me tornei pastor da Igreja dos Povos, em que eu tenha gastado mais conosco mesmos, em nossa terra, do que aquilo que temos mandado para os campos estrangeiros.
E se chegar um dia que os líderes da Igreja dos Povos resolverem gastar mais na obra nacional do que com a obra missionária, receberão minha denúncia, sem qualquer dúvida, eu nunca seria pastor de uma igreja assim.
Quando aceitei ser pastor da Igreja do Povos, disseram-me tudo sobre a igreja, exceto um detalhe. Num domingo pela manhã em que eu deveria pregar ali o meu primeiro sermão, aproximou-se de mim o tesoureiro com uma expressão muito triste e preocupada no rosto. “Pastor Smith”, começou ele, “dissemos ao senhor tudo quanto havia para ser dito a cerca desta igreja, menos uma coisa”. “Essa igreja”, o declarou, “está endividada. Temos algumas contas a pagar, e não temos nenhum dinheiro na tesouraria”. Ele olhou para mim como se estivesse esperando que eu metesse a mão no bolso, tirasse dali algum dinheiro e desse para ele, dizendo-lhe que fosse correndo pagar as contas.
Ao contrário, voltei-me e dirigi-me ao púlpito. Mas enquanto caminhava, orei: “Senhor”, disse eu, “tenho tentado descobrir, a muito tempo, se certa passagem da tua palavra é verdadeira”. Por “verdadeira” eu entendi algo prático. Eu me referia aquele versículo que diz: “…buscai primeiro o seu reino (a extensão mundial do reino de Deus) e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas…”. Naquela manhã apresentei um sermão missionário.
No culto a noite, ao invés de pregar um sermão evangelístico, mais uma vez fui movido a pregar sobre missões, e foi o que fiz. E então solicitei aos irmãos que voltassem cada noite daquela semana. Vieram e na segunda – feira à noite preguei uma vez mais sobre missões. Na terça-feira receberam outra dose sobre o mesmo assunto. Na quarta-feira tiveram que ouvir ainda outra mensagem missionária. Na quinta-feira à noite foram missões de novo. Na sexta-feira chegaram à igreja em número cada vez maior, talvez movidos pela curiosidade mais do que por qualquer outro motivo, novamente receberam uma dose de sobre missões.
Eu imagino que ficaram preocupados, dizendo uns aos outros: “Não poderemos compreender esse nosso novo pastor. Parece que ele não tem outra mensagem senão falar sobre missões. Mas o segundo domingo está para chegar. Talvez então ele comece a pregar realmente”.
Chegou o segundo domingo. Posso lembrar-me como se tivesse acontecido ontem. No culto da manhã fiz um anúncio: “Hoje teremos três reuniões, e levantaremos três ofertas missionárias: uma agora pela manhã, outra à tarde, e a última à noite”. Alguns dos presentes olharam para mim atônitos; porém, eu havia dado início ao meu plano de organizar uma igreja missionária. Naquela manhã falei sobre missões e levantei a oferta missionária. Fiz a mesma coisa à tarde, e outro tanto à noite. Ali estava eu, quase sem pronunciar uma só palavra acerca das necessidades locais, e recolhendo todo dinheiro doado para a obra missionária. Mas agora mostrarei o resultado: os membros de minha igreja ficaram tão interessados, tão despertos, tão alertas, que passaram a vir para os cultos em números cada vez maiores. Almas foram salvas e dentro de pouco tempo, todos os lugares estavam ocupados. A igreja captou a visão missionária, e começou a contribuir como nunca antes havia feito. E no espaço de algumas semanas, sem que eu quase nada houvesse tido quanto aos compromissos financeiros locais, cada dívida estava paga, cada conta havia sido liquidada, e a partir daquele dia não temos conhecido o sentido da palavra “dívida” em relação a nossa obra. Deste modo, descobrimos que quando damos o primeiro lugar às coisas prioritárias, Deus opera.
As dificuldades que algumas igrejas comuns encontram hoje são devidas ao fato de terem colocado o carro adiante dos bois, e em seguida pedido ao pastor que parasse a dirigir esse carro, tarefa naturalmente muito difícil. Se essas igrejas conseguirem reverter a ordem dessas coisas, aceitando o plano de Deus, chegarão a algum lugar, e o avanço será fácil. Busque primeiramente a extensão do reino de Deus pelo mundo inteiro, e todas as demais coisas lhe serão acrescentadas.
O PROGRAMA DE DEUS NUNCA FALHA.
Extraído de “O Clamor do Mundo“, Oswald Smith.
Video: Oswald Smith