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Como o crime em Suzano reflete a importância da família para o indivíduo Categorias:
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Quase um mês se passou desde o assassinato de 8 pessoas na Escola Raul Brasil em Suzano – SP no dia 13 de março. Triste pensar que o fato caminha para tornar-se apenas mais uma tragédia. Assim foi com o ataque na escola no Realengo – RJ em 2011, e este por sua vez inspirou um jovem de 14 anos a atirar em uma escola em Goiânia em 2017, e com a escola em Janaúba – MG onde um vigia incendiou uma creche e no ano passado quando um adolescente de 15 anos feriu com tiros em uma escola em Medianeira – PR.

Números de mortos e uma nuvem de mistério sobre os autores destes crimes. As muitas notícias e opiniões nas redes sociais especulam os motivos, os perfis, as histórias destes atiradores, no caso de Suzano, dois jovens de 17 e 25 anos de idade. Há muitas vezes um certo misticismo ou um ar sombrio na repercussão de como poder ter sido o planejamento dos ataques e do quão perigosos eram os assassinos.
Casos parecidos em outros países, jogos violentos, participação em grupos de deep web ligados ao extremismo, ligação com terrorismo, supremacia, influência de filmes, o que afinal pode ter motivado mais um ataque em escola no Brasil? Para o psicólogo e missionário da Jocum Monte das Águias – PR, Estevan Ribeiro, nem mesmo sua especialização em avaliação da personalidade pode traçar um diagnóstico definitivo dos dois jovens de Suzano, e segundo ele, qualquer tipo de determinação pode prejudicar a análise real de fatos como este.
“Mesmo tendo dois jovens que cometeram o mesmo crime, aparentemente com o mesmo objetivo, precisamos considerar que cada um deles tinha um contexto, uma história e não podem ser colocados no mesmo pacote”, argumenta Estevan. Para ele todos os motivos mencionados massivamente não passam de gatilhos para disfunções anteriores ao planejamento desse crime. “O grande trauma da sociedade atual é o contexto familiar disfuncional. Por muito tempo acreditou-se que o povo padecia por governos ruins, mas o povo padece por famílias disfuncionais”, afirma.

Estilos de família disfuncionais, segundo o psicólogo criam problemas para seus membros, inserindo na sociedade pessoas que podem ser perigosas, inclusive a si mesmas. “Mandatos familiares são também um estrago na vida das pessoas. São ideias com aparência de verdade que dão direção aos comportamentos individuais”, explica.
Estevan se diz preocupado com fatos como esse tornarem-se notícias comuns, não chocando mais as pessoas. Ele menciona um texto do Antigo Testamento que fala sobre pais voltarem-se aos filhos e os filhos aos pais e diz que a Igreja precisa se posicionar para viver esse texto de forma prática.

O que são Famílias disfuncionais?

Uma família disfuncional nem sempre parecer ser disfuncional. Não é necessariamente uma família sem pai ou sem mãe, nem mesmo é um lar onde há envolvimento com álcool ou mesmo violência aparente. De acordo com o psicólogo Estevan, estudos repassados na Escola Ministerial da Família, na Jocum, quatro tipos de famílias podem ser classificadas como disfuncionais:

Caótica: Os pais têm mais relacionamento com quem é de fora do que com os filhos. Isso gera um comportamento independente e individualista. Tendência dos filhos é buscar a relação “família” fora de casa, inclusive em grupos ideológicos.
Regras: A família de regras mantém um relacionamento baseado exclusivamente em regras. Um pai que, por motivos de trabalho, por exemplo está sempre ausente e uma mãe que estabelece muitas regras para manter a ordem em casa. O resultado pode ser de crianças e adolescentes que buscam relacionamento baseados em troca, como: fazer o que é certo para obter algum tipo de benefício e ser “aceito”.
Emaranhada: É uma família que aparenta ser extremamente amável, unida e feliz. Mas no fundo é uma família com segredos que são mantidos por meio de manipulação e controle. Isso pode ser encontrado em famílias ligadas a máfia em casos mais extremos, mas também relacionadas à seitas e até mesmo dentro de igrejas.
Protetora: É o tipo de família onde os filhos são superprotegidos. Cometem erros e são encobertos, problemas são minimizados e por isso os filhos tendem a ser inseguros, irresponsáveis e incapazes de assumir responsabilidades ou consequências de erros.

A educadora e missionária Eunice Barcellos, diretora da Jocum Porto Alegre – RS, tem se dedicado por 53 anos ao tema da educação. Ela afirma que estes anos foram vividos tendo como foco o aprendizado e a prática do ensino à criança, aos adolescentes e aos pais. Ela acredita que há um planejamento de Deus sobre como viver em família e que há conselhos e ensinamentos para indivíduos e para nações. “Se nós observássemos os ensinamentos bíblicos, não creio que estaríamos colhendo tanta dor como temos colhido como sociedade”, aponta e diz que os pais perdem os filhos para as drogas, para os “quartos” (internet), violência, prostituição, mundo do rime.

Eunice defende a bandeira de uma educação presente dos pais, e da preocupação com o que se está produzindo como legado aos filhos. “Filhos não se educam sozinhos, filhos precisam dos pais”, enfatiza.

Para ela é preciso um questionamento sobre o tipo de valor que é repassado aos filhos através da convivência diária e sobre a importância deles como parte da família. “Qual é o modelo de honra, justiça, bondade que os filhos estão recebendo? Qual é o modelo de homem e mulher que eles têm em casa?”, pergunta Eunice. Ela considera que este é um momento para reflexões e ações sobre a influência na formação da nova geração e consequentemente da sociedade.