Na ponta – o Evangelho tem sido pregado Categorias:
O Evangelho está sendo pregado. Numa casa de material misturado com madeira, as paredes enegrecidas pela tinta do mofo, um ar de gordura e algumas teias de aranha. Rachaduras. Estamos na cozinha, sentados ao redor de uma mesa de madeira retangular. Três comunicadores numa ponta. O missionário, na outra quina, divide o espaço com dona Maria – sempre Maria, o nome que retrata o povo simples do Brasil. O Evangelho está sendo pregado, como nas histórias que ouvimos nos apaixonando pelo pioneirismo de Jovens Com Uma Missão. Dona Maria está sendo discipulada há um ano por Eduardo.
Na sala ao lado, roupas acumuladas sobre o sofá me mostram uma característica comum às casas menos abastadas. É talvez a terceira ou quarta casa que entro, sendo que duas entrei nesta viagem, onde roupas ficam assim e dividem o espaço com muitas moscas. Parece ser uma imagem típica da pobreza, essas roupas desarrumadamente empilhadas sobre camas e sofás. Crianças tímidas revezando entre essa sala e o quarto, evitam entrar na cozinha. Pegam o violão do missionário estendendo a mão entre a porta que separa os cômodos e deixam a mãe continuar o discipulado.
A lâmpada, que Maria ligou de forma curiosa – não com interruptor – colocando um fio na tomada, pensou que era natal. Pisca-pisca. Piscava, ajudando a senhora e seu professor na leitura da Palavra de Deus. Iluminando aos poucos a vida ali presente. Pelo menos duas vezes por semana, essa cena se repete numa rua singela, de terra batida, bem perto da base de JOCUM em Ponta Grossa-PR.
Narrei essa história, que foi a primeira a testemunharmos em Ponta, porque me impactou. Eu que estava notando um caráter de treinamento em grande parte das bases que temos passado – a maioria parece ter mais treinamento do que evangelismo ou ações práticas na sociedade – questionava a falta de trabalhos diretos com as comunidades, com a população das cidades. Não que não haja, há. Só parece ser proporcionalmente menos do que o desenvolvimento de escolas.
Mas chegando em Ponta Grossa, pude ver essa cena tão doce na casa de dona Maria. Uma casa onde o Evangelho tem ganhado espaço há um ano – um trabalho contínuo e constante, do missionário que já chegou a visitar esse lar todos os dias da semana, e agora visita pelo menos dois. Um trabalho que poderia e deveria ser feito por cada cristão. Uma mulher que não sabia direito quem era Jesus, o que era pecado, do que se tratava o arrependimento e a salvação e, agora, está aprendendo. Como está aprendendo a encontrar o livro de Atos na Bíblia para o estudo do dia.
Mas além desse discipulado, JOCUM Ponta se relaciona com mais de 150 crianças todos os dias. A base oferece o “Clubinho”, cursos de contra turno escolar – aulas de artes, esporte, línguas, entre outros. Toda semana, essas crianças participam de um culto bem animado! JOCUM Ponta Grossa também trabalha bastante com King’s Kids e com o Curso Cordas.
O ministério de evangelismo tem feito um trabalho com moradores de rua e catadores de latinha e papelão. Levando pão e café com leite, eles desenvolvem relacionamento com essas pessoas e compartilham sobre o amor de Jesus. Igrejas têm sido encorajadas a se envolver no trabalho e outras têm sido implantadas.
JOCUM Ponta Grossa é uma base que sonha, que projeta. Como disse Clebão, o líder, “é uma base que ama os pobres” e está disposta a incluir, adotar. É mais uma parte da família, é uma família muito unidade. Foi prazeroso passar esse tempo ali. Foi lindo ver a obra viva!