*Por Carmen Estevam

João 15:1-17

Ano passado, limpando ao redor da propriedade do apartamento no térreo para onde nos mudamos, meu marido encontrou uma rosa-trepadeira, que já floria. Depois de um dia cortando urtigas, foi um presente ver as flores que, com o terreno limpinho, ganharam aquele destaque. Não sabemos há quanto tempo ela estava lá, escondida pelas urtigas, e mesmo assim florindo e se espalhando pela cerca. Cumpria seu papel de roseira, mesmo sem fotos nas redes sociais, sem reconhecimento. Ninguém, além do Criador, percebia que ela estava ali e a nutria. Com certeza me fez refletir sobre a minha vida, meus dons e talentos, e quantas vezes esperei algum reconhecimento para finalmente cumprir o chamado de Deus para mim.
Algumas semanas depois, vi um senhor trabalhando naquele mesmo lado da propriedade. Para minha surpresa, a roseira não estava na cerca, foi cortada quase na raiz. Ele fora contratado pela empreiteira que construía no terreno vizinho para trocar a cerca que dividia a propriedade. Apesar de nada justificar o corte total da roseira, percebi que não adiantava reclamar. A roseira já estava na pilha do lixo. “Desculpa, senhora, só estava fazendo o que me mandaram”. E refleti sobre quantas vezes disse algo ou tomei uma atitude “só fazendo o que me mandaram” sem considerar as consequências na vida dos que me rodeiam, sem comunicar ou refletir se havia uma forma melhor de fazê-lo. E quantas vezes também me senti “cortada”.
Esse ano, quando a primavera começou, eu andava pela propriedade quando percebi um brotinho no chão, bem no lugar da roseira antiga. Uma surpresa! Um presente do Criador. Alguns dias depois vi outros brotinhos ao longo da cerca. A roseira havia espalhado suas raízes e crescia em vários lugares.
O quanto eu ainda precisava (e ainda preciso) aprender com a roseira! A resiliência, a beleza, a confiança e a dependência no Criador que tudo vê. A certeza que ninguém pode cortar a vida que o Criador dá. E mesmo em situações adversas, quando permaneço no Criador, a “seiva” guardada se fortalece, e quando a primavera vem, ela flui e gera mais vida.
E fica a lição da roseira (ou, se você preferir, da Videira – João 15:1-17).

*Carmen Estevam, 22 anos na Jocum, vive com a família na Suíça